Na declaração de abertura dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, realizada em 23 de julho, o imperador Naruhito trocou, de forma sutil e sábia, a expressão oficial “celebrating”, traduzida originalmente para o japonês como “祝い” (iwai), no sentido de celebrar/comemorar, preferindo dizer “記念する” (kinen-suru) que, apesar de possuir o mesmo significado, pode ser interpretada como “marcar/registrar”. A escolha dá menos ênfase para um clima festivo, uma vez que a sede dos jogos está sob seu terceiro estado de emergência e com o país entrando na quinta onda da COVID-19.
Ironicamente, os jogos tinham sido postergados por um ano, justificando-se que seriam realizados para “comemorar a vitória sobre o novo coronavírus”, mas apesar da imunização através de vacinas estar em andamento, a humanidade ainda está muito longe atingir esse feito histórico. Além da atual crise global, declarações misóginas e discriminatórias – totalmente contra os ideais do olimpismo – feitas por membros da equipe organizadora da cerimônia de abertura dos jogos têm vindo à tona, uma após outra, gerando um grande escândalo dentro e fora do país, ou seja, realmente não há nada para se “celebrar/comemorar” no momento.